sábado, 1 de dezembro de 2012

peso

desculpa, queria ter mais controle de mim, mas não dá, não escolho, não posso, é assim, tem que ser assim.
dói respirar, dói andar, a gravidade pesa, meu corpo pesa na gravidade, tudo pesa e dói, tudo empurra e move, é inútil resistir, tudo move, empurra e se move e nos move e me move sem fim. 
Tem que ser assim.
explicar pesa, pensar pesa, falar pesa ainda mais e dói e preenche todos os espaços vazios com a força que pesa, empurra e arrasta, me desculpem, mas tem que ser assim, é assim, só pode ser assim.


o amor também pesa.


todos os lados pesam mas tem um que pesa mais
sou um lixo egoísta e altruísta, mas é assim.

tem que ser assim?
tem que ser assim.


eu confio, não tenho escolha, confio.
eu creio por falta de escolha, eu creio e confio e encontro forças pra suportar a força sem morrer cair ou girar
porque as coisas giram
se torcem enquanto se movem e eu acompanho
meu braço pesa e dói
meus olhos não resistiram
meus olhos
seus todos olhos tristes e felizes por mim
eu não escolho, tem que ser assim
meu amor, vocês
sou mulher de amar o mundo
mulher, eu
vocês, o mundo
meu mundo



perdão, queria mudar e poder escolher, mas acontece que eu não sei de nada, nem vocês.
Eles sabem, eu confio, confiem, não temos escolha, só isso.
tem que ser assim.

Tem que ser assim?
é assim, tem que ser assim.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

porque nunca olhei nos seus olhos

Há uma casa, pequena, dois cômodos apenas. Móveis antigos, muito antigos, rabiscos na parede, alguns são desenhos, outros apenas rabiscos, e palavras, algumas conversas, e-mails antigos, muitos livros, todos empoeirados, a maioria pocket por serem mais baratos, todos eles amontoados entre as roupas velhas jogadas pelo chão da velha casa. 
Muito velha casa, que já foi a casa de algumas pessoas, houve dois moradores uma vez. Dessa época, restaram algumas manchas de sangue na parede, vidros quebrados nas janelas, colados com fita adesiva, nenhuma lembrança, mas algumas coisas queimadas. Um velho poema de amor, peças de teatro nunca assistidas, segredos íntimos de família, uma carteira de identidade, e uma menina linda e muito amada, chamada Sophie
Todos queimados e trancados no porão.
Há também um porão, ou havia, ele se perdeu da memória e  por isso é como se jamais tivesse existido. 
Houve uma vez três amigos, nesta época havia muito vinho, alguma cerveja e as pessoas que passavam em frente à casa podiam ouvir as músicas do Radiohead, às vezes Los Hermanos, que talvez parecessem tristes, mas ali, e talvez só ali, eram alegres e acompanhadas de dança e sorrisos. Não houve muito mais do que isso, ficou apenas um DVD de formatura, um livro do Dostoiévski, acho que era Crime e Castigo e duas fitas de renda, uma laranja outra cor-de-rosa.
Logo depois vieram as cores, todas as cores em nós e passaram, ficaram por pouco tempo e passaram. As portas, que já estavam fechadas quando as cores chegaram, foram trancadas e suas chaves esquecidas, perdidas no meio da mobília, da sujeira e dos livros.

Uma casa de passagem, uma casa de um só morador, que carrega a casa nas costas e passa.

Por ser interminável sua passagem todos que entraram também passaram, e por isso, e só por isso, ninguém mais conseguiu entrar.

domingo, 30 de setembro de 2012

corrida

dormindo só com o corpo a mente acordada observando o corpo
os dentes rangendo, as mãos se contorcendo e os velhos gritando dentro da sua cabeça
dois deles, no primeiro momento eles parecem estar no lado de fora da sua casa, mas não, eles estão gritando coisas de velhos e eles estão sentindo raiva, você escuta e quer acordar, mas você não pode se mexer, você tem que fazer muito esforço pra se mexer e fazer tudo parar, mas você está cansada e não quer mais se esforçar, mas eles te dão medo, medo de não voltar, medo de ficar assim até morrer e não morrer, medo do inferno
então você se esforça e depois acorda
e não é a primeira vez


se você não conseguir tirar vantagem das situações você vai morrer ou ouvir vozes dentro da sua cabeça com cada vez mais frequência
todos os demônios que você lutou contra e prendeu, estão agora morando na sua cabeça
eles se acumularam com o tempo
você ficou indiferente, vai ver um filme, geralmente são os filmes
não consegue mais chorar nem escrever
bullshit

e sempre acontecem coisas que você não pode ou quer controlar, elas só acontecem, você olha, vive, se sente mal, espera, acumula compreensões infernais que cortam, que mordem, mas você gosta, você sabe que vive por isso, você escolheu.
e quer voltar, quer soltar os seus demônios mas isso mataria a todos que você ama, você ama mesmo, não consegue magoá-los
seu plano de fuga deu errado e eles ainda esperam muito de você
o que vai acontecer com você? você quase consegue chorar agora e isso já é um começo, quase conseguir chorar, quase conseguindo escrever
os monstros são muito interessantes.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

mais um caso de perda ou de passagem


Era véspera de carnaval e mesmo ali, no sul, onde os hábitos e costumes muito se diferenciam das outras partes do país, as pessoas se alegram e se organizam para a festa.
Mesmo ali, naquela casa limpa e clara, onde os móveis e as pessoas são brancos e retos, de uma frieza que contagia.
Mesmo ali, onde os homens riem suas risadas sarcásticas e as mulheres contraem os lábios com indiferença, mesmo ali, ainda se comemora o natal, não por Jesus nem por nada, mas porque é o costume, talvez um pouco pelo comércio.
Ali, e não somente ali, as pessoas estão assustadas, mas todos sentem-se seguros, embora estejam, estamos, condenados. Mas ninguém percebe dessa forma, pois ali, ninguém sente ou pensa na perda,  pelo menos não com palavras faladas, raramente em alguns poucos casos, podem ser observadas, algumas palavras pensadas.
tudo que importa é não perder, por isso perde-se.
Pequenos egoísmos são perdoados, pequenos, egoísmos, perdoados, perdoados pelo medo, medo, medo comum, todos entendem o medo, eu entendo o medo. 

perdas ou passagens
mais um caso de perda ou de passagem.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

de olhos fechados

o mundo não tolera os desobedientes e é preciso ter força eu sei que a gente não tem força e nem queria estar aqui e só podemos fechar os olhos só podemos não pensar pra nos proteger mas não podemos evitar nunca mais poderemos evitar mais continuamos fechando os olhos e nos tornamos como esgoto cheio de dejetos de nós e dos outros e temos muitos espelhos quebrados cansados estamos de respirar e continuar mas temos sorte alguns tem menos sorte mas não podemos fazer nada fechamos os olhos continuamos em frente de olhos fechados pra não cair de olhos fechados pra não morrer de olhos fechados continuamos andando pois abrir os olhos é parar de caminhar e o mundo não o mundo não tolera pessoas paradas desobedientes o mundo é dos espertos
Uns são mais sensíveis, outros menos, isso é tudo.
Lembra quando você me disse que gostaria de fazer alguma coisa realmente importante? Tipo a diferença no mundo, lembra? Fico pensando nisso as vezes, nas decisões que tomamos as cegas, sobre se relacionar sem saber o motivo, sobre como criamos e destruímos as coisas, bonitas e também as feias.
Claro, claro, te admiro e te amo por você pensar em coisas boas, ver o mundo como um lugar a ser concertado, pessoas como frágeis vítimas da crueldade das outras pessoas e do sistema, acho bonito, sério mesmo, acho bem bonito essa tua ingenuidade.
Queria voltar a ser assim, tu que és parte de mim sabe, que eu desejaria nunca ter nascido, dessa maneira tão lúcida, pois como sabe, já não sou capaz de atribuir a culpa a algo tão abstrato quanto o dinheiro e o poder, ou mesmo às pessoas de má índole, e nem às pessoas de modo geral, como acontecia anteriormente. Penso que essas pessoas, humanas, nós, não temos culpa daquilo que nos move e nos orienta para o eterno construir e destruir, simplesmente o fazemos, é a nossa natureza, conforme fomos feitos, como isso aconteceu? não sei, talvez tenha sido mesmo Deus, e nesse caso ele é o culpado, colocou no meio do nosso lindo jardim a consciência, fruto proibido do pecado. Fomos criados cheios de medos e de desejos a serem saciados, é a nossa natureza, nossa essência, assim como animais, como um tigre que mata inocente aquilo que o alimenta, como um verme  que inocente parasita seu hospedeiro. E nunca sentem-se culpados.
Reconheço a diferença, a consciência, perdemos a pureza animal, perdemos a inocência e olhamos para todos os lados, vemos o futuro e o passado e choramos, por nós e pelos outros, pelo nosso estrago e pelas nossas vítimas e conscientes que somos, só somos capazes de sofrer, por nossos eternos pecados.






quarta-feira, 5 de setembro de 2012

eterno

Enquanto procuro pelas paredes, onde eu possa bater com a cabeça, ela dança suave, como se aquele estranho vazio, tivesse sempre sido seu lugar.
Não há nomes para todos que passaram, passam e passarão. É eterna a repetição apesar dos diversos versos dispersos em mudança continua e inútil, como se na verdade mudar ou não, não importasse, mas ainda assim, completasse o sentido para toda aquela, e esta, ilusão indissolúvel.

No início, importava compreender, então parou de fazer sentido, pois sentir tornava-se o mais sensato a se fazer. Após terem passado muitas Eras do compreender e do sentir, elas, que costumavam alternar-se, resolveram se fundir. Então tudo ficou branco e colorido, não temos mais tempo para sentir ou conhecer, pois fazemos tudo isso ao mesmo tempo inteiro sem conseguirmos parar a roda que roda cada vez mais depressa, faz estrago e faz maravilhas.

Cansado de ser triste, já não pode ser feliz ou acreditar na vulgaridade das alegrias, mas muito cansado está pra continuar sendo triste e solitário. Sabe algumas coisas, percebe as pessoas, suas dores por seus amores lhe parecem triviais, não se compadece mais por essas dores, não se compadece mais. Ainda assim, não conhece outra forma de confortar-se, se não pelo alívio das dores alheias.
Passou a vida sentindo-se enojado diante da Alegria, prostituta promíscua, vulgar e tola. Nenhuma mulher era tão bela quanto todas as mulheres tristes, talvez apenas as loucas, que deixaram a tristeza ao chegar à loucura. Teve tanta dor na vida, que tudo que sempre pensou foi na dor dos demais, pois podia confortá-la com seu abraço, segurando-as em suas mãos, compartilhando soluços, suspirando de beleza e emoção. 
Como sempre desejou que tivessem feito consigo.

Eis a calmaria
Onde procuro te agradar de mãos vazias
Respiro e me sinto tranquila por te ver simples e desprotegida, como eu estava antes de te ver e resolver ser forte pra te proteger.
Pessoas se misturam aos verbos, e tão subjetivos quanto o amor e a fantasia me vêem os versos. Olhares tranquilos nesses todos olhos cansados entre-abertos.
Turbilhões de bombas físicas explodiram por muitos anos até esgotar todo o desejo.
E desejamos agora o não desejo.
Luta vã e desespero morreram nos meus olhos, e nos seus, pouco se manifestam, mar de calma e nostalgia nos seus lindos olhos tranquilos e também nos meus olhos, recém despertos.

Penso em te acalmar em mim, em me acalmar na tua calma algum dia e segurar na tua mão como fosse um infinito meio, sem fim e sem início.
A comunicação por palavras é traidora, nem os gestos e os sinais dão conta, tornam tudo demasiado forçado, tanto que não vale mais a pena, como o tudo que se repete até tornar a ser nada.

como tudo o mais


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Es muß sein

...

...

Força: Qualquer causa capaz de produzir ou acelerar movimentos, oferecer resistência aos deslocamentos ou deformar os corpos.

No tarot encontramos a Força como um dos arcanos maiores, relacionada ao altruísmo. O forte no tarot é aquele que toma conta da própria vida, que se responsabiliza por seus atos, tem noção dos seus instintos e é capaz de resistir a eles. Ou seja, os fortes são aqueles que resistem ao Es muß sein.

Aleister Crowley acreditava no Es muß sein, a lei da vontade. Mas para o mago, a consciência da lei era ao mesmo tempo a libertação e a eterna prisão do ser humano. A partir do momento que você passa a seguir a sua vontade e nada além da vontade você se torna um escravo dos seus instintos, ou seja, um fraco.
Para ser considerado forte, é necessário resistir a lei da vontade, e é muito mais agradável ser forte, com todos os belos egocêntricos atributos que possuem os fortes. Altruísmo, resistência, amor ao próximo. Mas a vida sendo forte, para algumas pessoas mais sensíveis, não é suficiente, a sensação de sacrilégio é mais forte que a resistência. 
Percebemos então o paradoxo entre forças e fraquezas, e entre liberdade e escravidão.
Ser fraco é muito mais difícil que ser forte. Ninguém admira uma pessoa fraca. Os fracos são vistos como inconsequentes, hedonistas e até egoístas. Por esses motivos, é preciso muito mais coragem para ser fraco do que para ser forte, é preciso estar disposto a viver sem nenhuma garantia de admiração ou amor, é preciso confiar ingenuamente no desconhecido.
O que alguém sabe sobre si mesmo? Será possível conhecer-se a partir das construções psicológicas influenciadas por vários fatores sociais e principalmente morais que recebemos desde a infância? 
A vontade, o instinto e o subjetivo, muitas vezes inexplicável, é o puro. O único vestígio da pureza que perdemos.
Pensando assim a fraqueza parece muito mais forte que a força, e talvez, devesse ser chamada de força e admirada, por ser a busca corajosa pela pureza perdida.
Então esse novos fortes, antes considerados fracos, jamais podem ser chamados de escravos. O Es muß sein não é uma imposição externa, pelo contrário, trata da unica verdade, intrínseca a essência daquele que a segue. Pode alguém ser escravo de si mesmo? Não vejo como. Os novos fracos, ex fortes, são também os novos escravos, de um Eu moralista disfarçado, que na realidade é hipócrita e profano. 


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Estrela mais brilhante


Ainda, sempre ainda, porque aqui as coisas ficam, sempre ficam mesmo que as lembranças estejam mortas.
As lembranças precisam morrer como tudo que é antigo pro novo devir. O novo é sempre uma esperança construído pelo martírio das lembranças, que doem, doem e doem, até não doer mais, 
morte, quando não dói mais é a morte, e é importante que exista morte.

A reflexão é a maior dádiva do ego, justifica, perdoa, aceita e conforta. A reflexão é minha dádiva, a única. Um dia, hoje ou ontem ou tanto faz, estivemos tão perto quanto tanto é possível estar perto só por um momento e ao mesmo tempo por todos os momentos até nos perdermos na eternidade que eu escrevo e não faz sentido porque esse é o grande mal das palavras, da reflexão por palavras, argumentos e tudo que o faz filosofia. 
A vontade é a lei e vocês também sabem eu estive lá com vocês porque nós sabíamos sobre a lei e a seguíamos tentávamos não seguir mais seguíamos 
MENTIRA eu nunca mais tentei não seguir depois que aprendi a seguir eu me perdi no deleite eu sei mas foi por amor que mais parece crueldade deixei que parecesse...
amor egoísta como o meu que sente que é maior por não permitir o sofrimento alheio principalmente o sofrimento daqueles, vocês, a quem eu amei antes de ter nascido, porque agora já estamos mortos.
Deixei que culpasse a mim, só a mim porque essa coisa toda de culpa eu já superei, mesmo parecendo não me importar por isso mesmo que eu me importo, a ponto de não deixar que você chore uma gota salgada além por ter seguido a lei. Sim, sou uma inquisidora da lei, a lei da vontade, eu já posso aceitar as consequências sem me importar com ninguém porque alguém é sempre eu e o eu é sempre pecado.
Posso ficar ao seu lado e apagar se eu sentir que posso te influenciar a seguir a minha vontade além da sua, porque tudo que eu quero é sentir o que você sente, enquanto eu não sentir eu não respiro, nem converso minhas conversas ou lembro minhas lembranças até esquecer, naquele exercício diário, eu não te beijo nem olho nos olhos que brilham nem seguro sua mão na minha mão gelada e nem faço carinho no seu cabelo lisinho não enquanto você não demonstrar pra mim como a verdade se manifesta em você ou enquanto você não reagir quando eu sutilmente tento entender e te mostrar como eu percebo antes mesmo de ter refletido se eu sentir que posso estar te privando de seguir sua chance de não seguir tua verdadeira vontade posso deixar que você me veja com medo e pense que ajo por puro prazer de crueldade sem me importar e sendo egoísta e fútil ou até suja ou até sexualmente degenerada sei que nunca vai admitir que pensou isso de mim por puro moralismo moralismo de não admitir que pensa que as pessoas são depravadas moralismo do moralismo maldito moralismo cult dos infernos 
juro que a prioridade foi fazer com que ficassem bem um com o outro como estavam e se admiravam antes de eu aparecer e fazer as coisas acontecerem porque vocês mereciam e tinham todo o direito mas principalmente porque eu os amei demais desde que vocês eram criancinhas e muito antes e sempre depois.
Deus que muitos chamam de Diabo, mas o Diabo deles são eles mesmos, Deus somos nós, e as vezes, por alguns momentos somos o Diabo quando nos recusamos a seguir a Deus, aquele Deus, Nós.
Podem entender agora, eu não devia, devia deixar tudo assim, mas estou cumprindo a lei mais uma vez e escrevendo, e lembrando, porque a lembrança ainda não morreu e eu preciso matá-la pra que possamos crescer com saúde. A coisa mais hipócrita que eu já ouvi foi - você não me conhece
BLASFÊMIA
criatura mais pura que eu já vi na vida eu te percebi só isso na sua complexidade ingênua e pura e simples e extremamente carinhosa bondosa e até e principalmente pela facilidade e desprendimento ao mostrar o lado escuro ali existia toda a pureza encantadora e sagrada do universo.
olhos que querem entender e entendem com amor e arte mais do que por reflexão, como eu, amor cheio de dor e confusão é tão difícil falar de nós mas eu me via em você de um jeito muito melhor não que realmente fosse mas era como se você pudesse ser tudo que eu sempre fui e continuo sendo e poderei ser só que sempre um passo a frente com algumas coisas faltando o que era ainda mais encantador o seu cuidado e receio que trazem uma dignidade pro caráter coisas que eu não tenho apesar de toda a singularidade elegante que tento interpretar e geralmente dá certo.
compreensão, por um dia compreensão, vocês conhecem toda essa linguagem, só vocês e poucos outros além.


Brilha , brilha, brilha
Estrela mais brilhante, nunca deixe de brilhar
Estrela mais brilhante eu escrevo pra você enfim brilhar


terça-feira, 24 de julho de 2012

Devir

vir a ser, tornar-se, transformar-se;
o movimento pelo qual as coisas se transformam.

Normal a ponto de perder-se. Tão perto quanto a grama molhada da chuva que a nutre, Sã a ponto de evitar todo e qualquer tipo de revisão dos fatos. Triste, perto de afundar-me em outras tempestades.

Você, vem de manhã. No exato momento em que eu saía para o trabalho. 
Mentira, você sempre esteve lá persistindo, cortando, furando bem fundo e esperando. Verde de esperança e desespero, contando que um dia eu me canse, com que um dia eu não suporte. E você quase sempre consegue.
É comum, eu sei o quanto é comum desejar o não desejo, matar um a um, até se tornar um velho veterano cansado de guerra. 
Minha paixão por criar é muito maior, a sua também e a de todos nós eu sei.
A grande diferença são os olhos, aqueles seus velhos olhos, assim como os meus, sempre abertos.

HA-HA-HA finalmente ouço pelos olhos o segredo! Como você se sente em relação a ignorância? jovem e interessante, sensual e fascinante. Sim você é tudo isso, você sabe o que te move e isso vale.
Você carrega com coragem todo peso da estrela, que um dia, brilhará para outras mentes, assim como a sua, cansadas, fatigadas e brilhantes. Sim assim como a sua, porém muito mais prudentes. Esse é seu problema bonita.

Amo andar sobre o muro das casas, você acha que me achariam louca se me vissem? eu sei. Prefiro correr os riscos, sabe, quando algum amigo bêbado resolve dirigir bem rápido, quando todos gritam no carro o mandando parar. Nessa hora eu não consigo deixar de rir, as vezes chego a gargalhar histérica! É indescritível essa sensação, perigo, perigo, PERIGO.
pom pom pom, pom pom pom, pom pom pom, pom pom pom pom.
A paz que vem depois do perigo: POM POM POM POM POM
pom pom pom, pom pom pom, pom pom pom pom...

...

Perdão, perdão ... eu nunca quis te fazer tão feliz, sei que sou egoísta por agir assim, prometo que vou procurar outro, alguém diferente de mim, você é igual a mim ah como eu queria conseguir ser forte o suficiente pra viver as coisas boas, por outro lado talvez seja uma questão de fraqueza, na verdade eu nunca achei que fosse força. Só estou tentando entender.
Eu sei... perdão.
Você é tola, estúpida criança, nunca devia ter te deixado com o coração acelerado toda vez que escuta o barulho da porta e imagina seus pais voltando pra casa, o pânico, o desejo de gritar, chorar ou vomitar, talvez todos de uma vez.
Sem poder apenas aguentar, você aguenta. Por isso que eu te mato aos poucos, eu sei que você gosta, e eu a amo tanto que faço você sofrer todos os dias.

Enquanto outros morrem uma ou duas vezes a cada vida, você minha cara, morre uma vez por ano, as vezes mais do que uma vez!
Você é minha obra prima... eu sei que você gosta.
As vezes me pergunto qual o seu maior prazer, nunca vou saber a resposta, acho que nem você chegará a saber se gosta mais de nascer ou de morrer.
Segurei os seus cachinhos loiros em meus dedos: Ah princesa! você é uma bela criatura, uma doce e bela criatura!
Dessas pequenas más, sim que chegam a ser más de tão lúcidas.
Tão perigosa por estar constantemente desperta, doce filhinha, te quero na CRUZ!
OU NA FOGUEIRA 

quando ele fala comigo assim eu não posso imaginar outro tão esplendido tormento nem ao menos sei ainda o que fazer e esse pensamento só é capaz de me trazer ainda mais angustia e fico tão atormentada que quando um pensamento criativo me vem a mente eu o busco luto por ele como louca histérica mulher em um parto complexo ignorando a dor fazendo toda a força pra que a criança saia e a dor pare 
eu vou em frente e acredito desesperada por enxergar um propósito uma chance no fim do caminho de fazer com que meu tormento passe e ao mesmo tempo esse tormento é amado porque sem ele eu não me moveria sem ele eu só viveria como vivem todos os abençoados amigos que se contentam em viver sem compreender os motivos mas é cruel por isso aprendi a amar até mesmo a crueldade com que tenho sido tratada a vida inteira pelo meu próprio sentimento rebelde que me move pois por ele alcancei montanhas e despenquei delas depois  e continuo fazendo isso por toda a estrada cheia de dor e muita morte é a minha morte que eu vejo com mais frequência de cada eu que existe em mim de todos os outros que habitam o único corpo que busca resgatar ou talvez descobrir ou talvez escolher uma alma eleita 
ou talvez algumas

Brinque com fogo, o fogo fascina as crianças. Eu tive fascinação por fósforos, por velas a até pela chama no fogão da cozinha. Talvez me fascinaria igualmente pela fogueira se eu tivesse algum dia acampado com meus pais, como costumam fazer as crianças.
Você pensa que é sábio, pode até ser, mas fica impossível nosso convívio. Me desculpe, as coisas pra você existem por tempo demais, não posso continuar assim.
Sim sim sim sim! Acertou meu amor, nada mais vai fazer com que eu deixe de cortar as rosas da roseira.
Prefiro que elas sirvam pra enfeitar nossa cama, do que morram nos galhos da roseira. 

você achou bonito prolongar aquilo?
vidas prolongadas fedem.



terça-feira, 26 de junho de 2012

areia nos olhos

Acompanhada de duas amigas ela entra no bar. 
Demorou apenas cinco minutos pra notar a presença dele, exatamente no mesmo instante em que ele olhou nos olhos dela.
Sair correndo foi tudo que ela conseguiu fazer diante daqueles olhos que a encaravam com alguma espécie de medo e paixão.
Mas ele a segura, ela o abraça, sente as lágrimas rolarem no seu rosto por exatos 5 segundos contados. 
O tempo necessário para ele abaixar a guarda, ela foge.
Ele vai atrás dela e a alcança há poucos metros do bar.
As amigas dela tentam se aproximar, mas ali tem algo muito além de um conflito amoroso romântico de dois semi-conhecidos que se relacionaram por uns instantes em uma noite qualquer. 
Ninguém entendia porque eles estavam agindo daquela maneira, mas ninguém ousou impedir.
Ele a puxa pelo braço e a encara
Ela, apesar de toda emoção e medo, sustenta o olhar.
Ele coloca a mão em torno do pescoço dela, que permanece imóvel, e aperta.
A mão é delicada de arte, mas forte, e ele começa a apertar com cada vez mais força, enquanto ela sente uma espécie de alívio, conforme os sentidos vão lhe deixando o corpo
Então ele para.
Ela respira, e sai andando em passos rápidos em direção a praia.
Ele a segue a aproximadamente um metro de distância.
As amigas e outros colegas também decidem acompanhar os dois. Eles são como expectadores de um filme nouvelle vague francês contemporâneo, no qual os atores não podem existir no mundo real.
Eles caminham por aproximadamente vinte minutos sem trocar uma palavra.
Ela senta no calçadão da praia, com os pés encostados na areia, espera ele sentar ao seu lado e chora, com muitas lágrimas e soluços, com muita sensibilidade e dor.
Ele não diz nada. Sua expressão é séria enquanto a observa chorar. Ele espera.
O público os observa a uma distância segura do outro lado da rua.
Eles não percebem, pois estão em um mundo a parte.
Por impulso, como tudo até aquele momento, ela corre para o mar.
Ele continua observando-a com uma estranha tranquilidade.
Ela se joga no mar e continua indo cada vez mais pro fundo. 
Ela quer morrer.
Ele percebe.
Então corre até a beira do mar e a chama.
Mas ela já está longe.
Ele vai atrás dela e com alguma dificuldade consegue trazê-la de volta nos braços.
Então ele a joga na areia e com violência arranca-lhe a roupa.
Os amigos assistem a tudo não acreditando ser real.
Ela não reage e deixa que ele a possua selvagem como animal.
E como animal ele se sente.
Mas ela não se sente da mesma forma, tudo que ela sabe é que já não pode mais viver sem ele e o odeia porque o ama.
Quando ele termina o sentimento de violência passa, ele a abraça e a protege do frio.
Ela aproveita o que pensa serem os últimos minutos em que pode se sentir segura nos braços dele. 
Ela estava enganada.
Ele a ajuda a colocar a roupa e sem dizer uma palavra a leva para sua casa.
Os dois tomam banho juntos e são carinhosos como crianças inocentes que ainda não experimentaram o sexo. 
Como crianças, só que sem palavras.
E eles dormem abraçados e seguros até o dia chegar e os obrigar a pensar.
Até o dia chegar e os obrigar a falar. 
Até o dia chegar e os obrigar a se envergonhar. 
Até o dia chegar e os obrigar a se culpar. 
Até o dia chegar e os obrigar a magoar um ao outro. 
Até o dia chegar e os obrigar a se afastar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

vermelho

eu sei que você me mataria só pra chorar a minha morte
e eu te faria tão bem que você não aguentaria
então você me machucaria só pra poder sofrer comigo
e eu te trataria do melhor jeito possível só pra te ver morrer de dor por me fazer sofrer
e eu fingiria bem
só pra te ver culpado
me compensar com corpo e amor
e saber que você nunca vai me abandonar
e algum dia vou beijar o seu melhor amigo
se você tiver algum
só pra te ver querer me abandonar
com os olhos cheios de violência
e toda a sua força sangrando o meu corpo
só pra sentir o quanto você me ama
vou te mandar dormir com minha irmã ou minha mãe
ou talvez algum amigo
pra sentir que te amo muito mais
e vou te ver morrer
mas talvez você simplesmente pergunte sobre mim
pra pessoa errada
só pra ouvir o que você precisa
pra resposta te acalmar
e agora você foge 
e acho que é melhor.











terça-feira, 12 de junho de 2012

12 - 06 - 2012

Era o meu aniversário e algumas pessoas da família chegaram sem avisar, um dia antes da festa, naquele ano teria festa. Trouxeram dançarinas equilibristas pra me alegrar, mas lembro que elas não conseguiram terminar seu número, a casa era muito baixa, não havia espaço.
Lembro que acordei assustada, é estranho acordar dentro de um sonho. Meu pai estava ao meu lado, eu me desesperava pois não conseguia lembrar de mais nada depois das dançarinas do aniversário. Meu pai disse que eu tinha caído e levado 7 pontos na cabeça, disse que até se alterou com minhas tias que diziam que não era nada. Eu tinha ficado inconsciente por dois dias.
Fiquei muito brava porque eles não avisaram no meu trabalho, havia uns telefones antigos de orelhão, e três lugares diferentes pra colocar o cartão. Não consegui avisar, mas deixei um recado.
Depois eu estava em outro lugar, tinha um amigo ou namorado, ou ambos. Era loiro e tinha a mesma idade que eu. Não sei direito o que aconteceu, mas ele me traiu com uma garota feia que era apaixonada por ele e não gostava de mim. Pelo que lembro, descobri isso quando liguei pra ele de algum lugar, mas eu não me importei. Acho que ele sofria por eu gostar de outra pessoa, alguma coisa assim.
Estava em algum lugar longe, fazia dobraduras de papel, não sei se eram barcos ou corações, acho que eram casas. Eu fiz vários. Lembro que chovia e a chuva derretia minhas dobraduras de papel. Tinha a intenção de deixá-las por aí, nos muros, nas árvores, na rua, mas elas derretiam na minha mão antes que eu pudesse depositá-las em algum lugar.
Eu andava pela rua, algum bairro bonito antigo e central, de uma cidade onde nunca estive, depositando  minhas casinhas de papel derretidas nos lugares. De longe avistei um senhor que usava um chapéu pontudo, fiquei olhando pra ele enquanto se aproximava, ele tirou o chapéu antes de passar por mim. Não desviei o olhar, senti que ele ficou constrangido e não entendeu o meu gesto, mas mesmo assim eu sorri.
Antes de chegar no lugar onde vivia, vi três garotos usando aventais maçons, eles conversavam animadamente na calçada do restaurante onde nos fundos, ficava o quartinho em que eu vivia com meu amigo/namorado.
Chegando lá encontrei a outra menina na cama, ela se irritou com a minha presença, mas eu não me importei com a dela, ela era minha amiga também. Contei a eles sobre o homem com chapéu pontudo e os garotos com os aventais, o garoto ficou bastante impressionado, a garota disse que eu me preocupava demais com essas coisas, que eu tinha problemas com essas pessoas. Eu lembro que disse a ela que tinha mesmo problemas com essas pessoas.
O garoto que estava comigo tinhas duas tatuagens nonsense nas mãos, uma delas era a palavra "muito!" assim mesmo com o ponto de exclamação. E a outra era uma carinha feliz. Coisas que não se tatuam.
O sonho terminou com os meninos da frente do restaurante passando por nós, com uma garoto bonita e muito rica. Lembro que meu amigo comentou sobre como eramos diferentes. Ela mantinha um ar arrogante, mas parou se voltou pra nós e escreveu coisas no ar com as mãos.

sábado, 2 de junho de 2012

bleu

Existem muitos pontos de vista sobre o mesmo ponto. 
O que parecia errado se tornou certo, depois errado, depois tornou a parecer certo. Esse ponto de vista ainda é diferente de todos os anteriores pois existem muitos mais pontos a serem analisados em uma questão tão delicada quanto relacionamentos.
Pensei que tivéssemos sido fortes mas agora vejo o quanto fomos covardes. 
Me esquivei da dor com toda a minha coragem usando minha capacidade de amar e minha rebeldia como escudos. 
Vivia sem uma lágrima.
Então percebi que não me tornaria uma pessoa melhor se continuasse assim, me esquivando das falhas. 
Enlouqueceria e brilharia, mas perderia a humanidade.
Por um tempo estive disposta a abrir mão da humanidade, mas agora as coisas mudaram.
Meus olhos secos me incomodavam.
Minhas mãos vazias eram bonitas ao lado do meu coração cheio e da minha mente fluida, mas nos meus olhos o que brilhava era o medo. 
O medo, algumas vezes, se disfarça de coragem, é muito sutil esse medo.
Na verdade como todos os opostos, medo e coragem são um só. 
A classificação depende da forma como os enxergamos, como tudo.
Acho que existe um círculo que une o contrário de todas as coisas, que começa em um ponto de origem e retorna ao mesmo ponto de origem no final. 
Esse ponto original, ao mesmo tempo é o Todo e a ausência Dele, por isso que temos essa sensação de paradoxo quando os sentimentos ou sensações são intensas demais, quando o frio queima ou no prazer da dor, ou quando a coragem se torna medo.
Por mais que se esforce para ser o contrário e exatamente por isso que Azul é dor e tristeza, tanto quanto, prazer e alegria. 
Por isso, vejo quanto fomos covardes sendo corajosos.
Mas acho que ainda existe uma chance para nos redimirmos. 
Hoje eu chorei, foi vendo um filme, mas foi pela gente. 
Bleu

terça-feira, 29 de maio de 2012

29 - 05 - 2012

Estava com minha mãe e conversávamos sobre o meu bebê.
Por algum motivo fui separada dele momentos depois do seu nascimento. Tinha passado uma semana e estava a caminho de reencontrá-lo.
Fomos até um lugar antigo, cheio de pessoas esperando atendimento. Lembro que sentia na barriga o espaço vazio onde tinha estado o bebê. E esse espaço vazio me sensibilizava muito, me fazia querer ter a criança de novo nos braços pois só assim a dor de perda passaria.
Quando cheguei no lugar onde as pessoas esperavam atendimento vi uma mulher segurando minha criança, me ajoelhei diante dela e pedi para segurá-la. A mulher disse que ninguém podia segurar o bebê, então disse a ela que eu poderia, pois era a mãe. A mulher me entregou o meu filho e senti que era muito mais do que parte de mim, justificava minha existência.
Pouco depois a sala estava vazia e fui chamada. 
Nesse momento as coisas mudaram, eu carregava uma gata preta que era muito jovem, mas tinha acabado de ter filhotes. Eu estava naquele local porque desejava castrá-la, antes que tivesse mais filhotes.
O mais estranho foi que apesar de ter sido a gata que esteve grávida, eu ainda podia sentir o vazio de perda na barriga.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

palavras

um dia ele me disse "cuide com a ansiedade"  e fico feliz que tenha dito, acho que cuidaria menos se ele não tivesse me avisado
sempre o ouvi, mesmo que ele falasse pouco com palavras
costuma aparecer ainda em alguns momentos, quando penso que não virá mais 
é como o Self da minha vida, ele não sabe que é, mas ele sempre vai ser
na verdade o que ele é realmente não importa, o que representa é o que importa
estudo Fenomenologia da Percepção e acredito nisso, sobre não existirem verdades até nos darmos conta delas
parece egocêntrico falando assim
acho que é tudo muito direcionado, não, não é essa a palavra
é tudo muito limitado, ou talvez a palavra seja solitário
deveria existir uma palavra para descrever o estado de solitude, talvez exista e eu não saiba
não sei, mas voltando a ansiedade, sim ela ainda me move
ainda acaba comigo, me faz sentir uma espécie de calafrio no cérebro e uma solidão que nunca passa
solidão não, solitude
eu queria poder chorar, é muito triste viver uma vida sem lágrimas
você percebe que caiu no caos do desespero quando não pode mais chorar
é a loucura que brilha nos olhos
e talvez um dia, se eu não voltar
esses registros sirvam para ajudar a descobrir como as coisas perdem o sentido a medida que o Eu se perde
é um pouco desesperador, porque não sobra nada.

domingo, 27 de maio de 2012

amar amores imaginários

conhecer, admirar, idealizar, criar expectativas, desejar, começar, conviver, viver, se encantar, conhecer, não conhecer mais, ser traído, ser esquecido, não se importar, não ser mais admirado, se cansar, se acostumar e ver o outro se acostumar, ter um filho, não se importar, dormir, permanecer, ou mudar e começar de novo, ou continuar e apenas viver aceitando o fato de que nunca vai mudar.


conhecer, admirar, idealizar, criar expectativas, desejar, começar, jamais conviver, se encantar, se afastar, escrever, procurar respostas, ler poesia, procurar motivos, entender, se afastar, acompanhar pelas vitrines, sonhar, acompanhar pela janela, sonhar, idealizar, amar, amar amores imaginários. 



sábado, 12 de maio de 2012

New romantic




and I'm sorry to which ever man should meet my sorry state
watch my steady lonesome gait and be aware,
I would never love a man 'cause I could never hurt a man in this way.
I would never love a man cause I could never hurt a man, not in this new romantic
way.
(Laura Marling)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

11-05-2012

Eu era uma moça jovem com roupas brancas de sacerdotisa que só tinha visitado uma vez o santuário principal e eu era uma idosa de cabelos compridos e longos que estava ao lado de outro sacerdote no templo principal.
Quando idosa, eu tinha os cabelos longos e brancos, exatamente iguais aos de meu irmão, que era o mestre de todos os sacerdotes. Ele tinha o corpo extremamente frágil mas muito poder nas mãos.
Havia um mapa com os sete santuários alinhados, mas não era exatamente um mapa, porque não se podia chegar a lugar nenhum através dele.
A moça era eu, mas não sei se era também a idosa, que também era eu.
Um dia na escadaria do santuário o irmão-mestre, de cabelos brancos compridos e sem barba, exatamente igual a mim quando idosa, desfaleceu sobre meus braços depois de passar algum tempo olhando nos meus olhos.
Mesmo sendo muito velha, naquele momento algo aconteceu, pois peguei-o nos braços e sai correndo, quase flutuando para levá-lo para casa e lá ele repousou.
E aparece novamente a sacerdotisa jovem, mas dessa vez ela usa uma roupa marrom e um véu roxo de luto sobre a cabeça onde não existem mais cabelos porque foram raspados em ritual.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

maldição das rosas

se encontrar a rosa
absorva o veneno da rosa ou morra pelo veneno da rosa
eu já matei tanta gente
bebi o veneno e me tornei uma rosa vermelha.
se encontrar a rosa
absorva o veneno da rosa ou morra pelo veneno da rosa
eu já matei muita gente
explodi e me tornei uma rosa negra, por isso
se encontrar a rosa
absorva o veneno da rosa ou morra pelo veneno da rosa
eu já morri tantas vezes
eu morri e me tornei uma rosa branca definitiva, e peço que
se encontrar a rosa, ainda
absorva o veneno da rosa ou morra pelo veneno da rosa
porque eu já matei uma rosa
e lembre de proteger seu coração caso a rosa seja branca
mas por favor mate a rosa
enquanto ela não está vermelha.





terça-feira, 1 de maio de 2012

oito, talvez menos

faltam oito, talvez menos.
faltam oito, talvez menos pra eu ir embora da cidade
embora, a cidade seja hoje mais bela do que era no ano passado
embora, a vida esteja mais equilibrada e tranquila
embora, o trabalho seja bonito e inspirador
ainda assim preciso ir embora.
faltam oito, talvez menos.
decidi finalmente agora que preciso ir embora
preciso encontrar outros afetos
preciso estudar e trabalhar com outros métodos
outras disciplinas e outros versos
preciso me desprender das velhas rimas
dos versos sem ponto e sem rima
da sonoridade rápida
da triste nostalgia
de fazer poesia com palavras e melancolia
embora eu saiba, que o problema esteja nas palavras e não na tristeza.
preciso ir embora do país do dicionário
preciso fugir da língua
talvez romper com a própria linguagem
que não dá mais conta do meu submundo subjetivo
embora, agora tudo que importe
seja ir embora 
faltam oito, talvez menos.