quarta-feira, 5 de setembro de 2012

eterno

Enquanto procuro pelas paredes, onde eu possa bater com a cabeça, ela dança suave, como se aquele estranho vazio, tivesse sempre sido seu lugar.
Não há nomes para todos que passaram, passam e passarão. É eterna a repetição apesar dos diversos versos dispersos em mudança continua e inútil, como se na verdade mudar ou não, não importasse, mas ainda assim, completasse o sentido para toda aquela, e esta, ilusão indissolúvel.

No início, importava compreender, então parou de fazer sentido, pois sentir tornava-se o mais sensato a se fazer. Após terem passado muitas Eras do compreender e do sentir, elas, que costumavam alternar-se, resolveram se fundir. Então tudo ficou branco e colorido, não temos mais tempo para sentir ou conhecer, pois fazemos tudo isso ao mesmo tempo inteiro sem conseguirmos parar a roda que roda cada vez mais depressa, faz estrago e faz maravilhas.

Cansado de ser triste, já não pode ser feliz ou acreditar na vulgaridade das alegrias, mas muito cansado está pra continuar sendo triste e solitário. Sabe algumas coisas, percebe as pessoas, suas dores por seus amores lhe parecem triviais, não se compadece mais por essas dores, não se compadece mais. Ainda assim, não conhece outra forma de confortar-se, se não pelo alívio das dores alheias.
Passou a vida sentindo-se enojado diante da Alegria, prostituta promíscua, vulgar e tola. Nenhuma mulher era tão bela quanto todas as mulheres tristes, talvez apenas as loucas, que deixaram a tristeza ao chegar à loucura. Teve tanta dor na vida, que tudo que sempre pensou foi na dor dos demais, pois podia confortá-la com seu abraço, segurando-as em suas mãos, compartilhando soluços, suspirando de beleza e emoção. 
Como sempre desejou que tivessem feito consigo.

Eis a calmaria
Onde procuro te agradar de mãos vazias
Respiro e me sinto tranquila por te ver simples e desprotegida, como eu estava antes de te ver e resolver ser forte pra te proteger.
Pessoas se misturam aos verbos, e tão subjetivos quanto o amor e a fantasia me vêem os versos. Olhares tranquilos nesses todos olhos cansados entre-abertos.
Turbilhões de bombas físicas explodiram por muitos anos até esgotar todo o desejo.
E desejamos agora o não desejo.
Luta vã e desespero morreram nos meus olhos, e nos seus, pouco se manifestam, mar de calma e nostalgia nos seus lindos olhos tranquilos e também nos meus olhos, recém despertos.

Penso em te acalmar em mim, em me acalmar na tua calma algum dia e segurar na tua mão como fosse um infinito meio, sem fim e sem início.
A comunicação por palavras é traidora, nem os gestos e os sinais dão conta, tornam tudo demasiado forçado, tanto que não vale mais a pena, como o tudo que se repete até tornar a ser nada.

como tudo o mais


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