quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Es muß sein

...

...

Força: Qualquer causa capaz de produzir ou acelerar movimentos, oferecer resistência aos deslocamentos ou deformar os corpos.

No tarot encontramos a Força como um dos arcanos maiores, relacionada ao altruísmo. O forte no tarot é aquele que toma conta da própria vida, que se responsabiliza por seus atos, tem noção dos seus instintos e é capaz de resistir a eles. Ou seja, os fortes são aqueles que resistem ao Es muß sein.

Aleister Crowley acreditava no Es muß sein, a lei da vontade. Mas para o mago, a consciência da lei era ao mesmo tempo a libertação e a eterna prisão do ser humano. A partir do momento que você passa a seguir a sua vontade e nada além da vontade você se torna um escravo dos seus instintos, ou seja, um fraco.
Para ser considerado forte, é necessário resistir a lei da vontade, e é muito mais agradável ser forte, com todos os belos egocêntricos atributos que possuem os fortes. Altruísmo, resistência, amor ao próximo. Mas a vida sendo forte, para algumas pessoas mais sensíveis, não é suficiente, a sensação de sacrilégio é mais forte que a resistência. 
Percebemos então o paradoxo entre forças e fraquezas, e entre liberdade e escravidão.
Ser fraco é muito mais difícil que ser forte. Ninguém admira uma pessoa fraca. Os fracos são vistos como inconsequentes, hedonistas e até egoístas. Por esses motivos, é preciso muito mais coragem para ser fraco do que para ser forte, é preciso estar disposto a viver sem nenhuma garantia de admiração ou amor, é preciso confiar ingenuamente no desconhecido.
O que alguém sabe sobre si mesmo? Será possível conhecer-se a partir das construções psicológicas influenciadas por vários fatores sociais e principalmente morais que recebemos desde a infância? 
A vontade, o instinto e o subjetivo, muitas vezes inexplicável, é o puro. O único vestígio da pureza que perdemos.
Pensando assim a fraqueza parece muito mais forte que a força, e talvez, devesse ser chamada de força e admirada, por ser a busca corajosa pela pureza perdida.
Então esse novos fortes, antes considerados fracos, jamais podem ser chamados de escravos. O Es muß sein não é uma imposição externa, pelo contrário, trata da unica verdade, intrínseca a essência daquele que a segue. Pode alguém ser escravo de si mesmo? Não vejo como. Os novos fracos, ex fortes, são também os novos escravos, de um Eu moralista disfarçado, que na realidade é hipócrita e profano. 


3 comentários:

  1. Isto é uma autobiografia?
    Você foi fraca quando deveria ter sido forte, ou esta sendo forte agora que deveria ser fraca?
    Ou quem sabe, esta esperando que um escravo deixe de ser fraco, tornando-se assim forte passando a escravisar os fracos, inclusive você.
    Confuso, fiquei tonto.

    ResponderExcluir
  2. isso é uma reflexão.
    mas de qualquer forma, a resposta para a sua pergunta depende do que você considera fraqueza ou força, e liberdade e escravidão.

    ResponderExcluir
  3. Costumo não manter definições sobre coisas, pessoas, ações, sentimentos, etc.
    Pois, não consigo raciocinar da mesma forma dois dias consecutivos, o que me parece tão claro e limpido hoje, amanha com certeza me causará duvidas.
    Não sei dizer se sou fraco ou forte, livre ou escravo.
    Mas gostei da sua reflexão, é o tipo de texto capaz de gerar uma discusão de horas em torno de uma garrafa de vinho.

    ResponderExcluir