domingo, 13 de março de 2011

Toda essa frieza

Nascemos muito quentes, muito vivos. Observo o comportamento das crianças na igreja (sim, eu vou a igreja), elas sobem nos bancos, tentam chamar a atenção de seus pais,
falam o tempo todo, e choram quando não são ouvidas, não se importam nenhum pouco com as outras pessoas e com seus olhares de reprovação. As crianças naturalmente sabem que aquele culto monótono não faz o menor sentido, mas elas ainda não aprenderam como fazer pra fugir do aqui e agora.
Aprendemos a fingir, fingimos prestar atenção nos padres, professores, nossos pais, nossos amigos, nossos companheiros, mas na verdade estamos sempre voltados para nós mesmos,
vivendo no nosso interior, infinito particular, mundo paralelo, que criamos como fuga, e raramente dividimos com alguém.
Com nosso mundo paralelo criado, a ilusão da felicidade não parece mais tão inatingível, dentro de nós mesmos podemos ser qualquer coisa, e isso nos basta.
Não seria tão ruim se não fossemos tão indiferentes com o mundo, exatamente como as pessoas na igreja são indiferentes com o padre, fingindo prestar atenção em suas palavras, e o padre igualmente indiferente com as pessoas fingindo acreditar que é ouvido.
Vivemos porque precisamos, porque morrer é doloroso e deve ter outros motivos, mas vivemos dormindo. Qual o sentido de passar a eternidade dormindo?
Eu acredito no despertar do ser humano, é a única explicação, acredito e confio, por mais que esteja longe ainda.
Ficamos completamente frios. O medo, a culpa, a repreensão dos nossos desejos, desejos que vieram de Deus, porque não?
Somos frios a ponto de inventar amores e no momento seguinte ficar completamente indiferente ao amor recém inventado, nada é verdadeiro.
Mas antes que alguém venha aqui dizer que eu preciso ser feliz, eu digo que, minha única meta, minha única alegria de viver é a busca pelo despertar, e isso faz minha vida ser
muito mais ativa do que a vida da maioria das pessoas.

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